sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

domingo, 7 de dezembro de 2008

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008



ISTФ
DIZEM que finjo ou minto
Tudo que escrevo. Não.
Eu simplesmente sinto
Com a imaginação.
Não uso o coração.
Tudo o que sonho ou passo,
O que me falha ou finda,
É como que um terraço
Sobre outra coisa ainda.
Essa coisa é que é linda.
Por isso escrevo em meio
Do que não está ao pé,
Livre do meu enleio,
Sério do que não é.
Sentir? Sinta quem lê!
NÃO MEU, não meu é quanto escrevo.
A quem o devo?
De quem sou o arauto nado?
Por que, enganado,
Julguei ser meu o que era meu?
Que outro mo deu?
Mas, seja como for, se a sorte
For eu ser morte
De uma outra vida que em mim vive,
Eu, o que estive
Em ilusão toda esta vida
Aparecida,
Sou grato Ao que do pó que sou
Me levantou.
(E me fez nuvem um momento
De pensamento.)
(Ao de quem sou, erguido pó,
Símbolo só.)

Fernando Pessoa

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

La Visita !

Puede ser que el viaje no esté mal
Que un ángel celestial me invite a cenar
Puede ser que no haya más allá
Que el cuento acabe mal y no vuelva a empezar.
Hoy ha venido a verme una mujer alta y sonriente(Me ha dicho) coge mi mano fuerte y sígueme
Puede ser que el cielo tenga mar
Que sea un buen lugar para verte llegar
También puede ser que no te vuelva a ver
Que tenga que sufrir mi destierro sin ti
Hoy ha venido a verme una mujer alta y sonriente(Me ha dicho) coge mi mano fuerte y sígueme
Vino vestida de blanco
Se sentó a mi lado y me hizo sonreír
Mientras aún tirabas tú de mí
Y antes de su beso eterno
Le pedí un deseo que pude cumplir
Deshojar la luna para mí
Y en el pétalo de la esperanza
Pude ver tu nombre y el de otra mujer
Suspiré tranquila serás feliz otra vez
Suelta ya mi mano, suelta ya mi mano
Suelta ya mi mano estaré bien
La Oreja de Van Gogh

terça-feira, 25 de novembro de 2008

UAH LUA !


Uah lúa, sagra lua
Uah branca, sagra lúa
Uah lúa, branca lúa
Uah sagra, branca lua
Collerei folla do visgo
É a noite de San Xoán
Brada o porco nos outeiros
Os carballos bruando están.
Bebe moza á meia noite
A frol da i'auga pura
Colle da herba preñadeira
Orballo para a fermosura
Alumean as fogueiras
As lembranzas do meu clan
Deses bravos q morreron
Por Kalaikia, seus irmáns
Luar Na Lubre

sábado, 22 de novembro de 2008

A CRUZ MUTILADA


Amo-te, ó cruz, no vértice, firmada
De esplêndidas igrejas;
Amo-te quando à noite, sobre a campa,
Junto ao cipreste alvejas;
Amo-te sobre o altar, onde, entre incensos,
As preces te rodeiam;
Amo-te quando em préstito festivo
As multidões te hasteiam;
Amo-te erguida no cruzeiro antigo,
No adro do presbitério,
Ou quando o morto, impressa no ataúde,
Guias ao cemitério;
Amo-te, ó cruz, até, quando no vale
Negrejas triste e só,
Núncia do crime, a que deveu a terra
Do assassinado o pó:
Porém guando mais te amo,
Ó cruz do meu Senhor,
É, se te encontro à tarde,
Antes de o Sol se pôr,
Na clareira da serra,
Que o arvoredo assombra,
Quando à luz que fenece
Se estira a tua sombra,
E o dia últimos raios
Com o luar mistura,
E o seu hino da tarde
O pinheiral murmura.
ALEXANDRE HERCULANO

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

CAVALEIRO DE CRISTO!

Os Portugueses, senhores do campo, celebravam com prantos a vitória.
Poucos havia que não estivessem feridos; nenhum que não tivesse as armas
falsadas e rotas. O Lidador e os demais cavaleiros de grande conta que naquela
jornada tinham acabado, atravessados em cima dos ginetes, foram conduzidos a Beja. Após aquele tristíssimo préstito, iam os cavaleiros a passo lento, e um
sacerdote Templário, que fora na cavalgada, com a espada cheia de sangue metida
na bainha, salmodeava em voz baixa aquelas palavras do livro da Sabedoria:
"Justorum autem animae in manu Dei sunt, et non tangent illos tormentummortis".

A Morte do Lidador - Alexandre Herculano


segunda-feira, 17 de novembro de 2008

TRÉGUA

Agora a noite é nossa, fala baixo oh borboleta, findaram os combates nas ruínas.
Entrega ao arvoredo a cor que é do teu corpo, abandona os mistérios de menina.
Já se ouve a cascata no monte menina, perto da gruta renasceu.
Já se ouve o murmurar do lago onde há pouco o luar, cansado adormeceu.
Vejo sombras calmas na montanha menina, sonho o teu corpo a naufragar.
Já perdi o medo do tempo que é tempo de perder, com medo de te amar.
Agora a noite é nossa, fala baixo oh borboleta, findaram os combates nas ruínas.
Entrega ao arvoredo a cor que é do teu corpo, abandona os mistérios de menina.
Já se ouve a cascata no monte menina, perto da gruta renasceu.
Já se ouve o murmurar do lago onde há pouco o luar, cansado adormeceu.
Deixa que os cavalos se afastem menina, já não vês lanças a brilhar.
Agora que a noite nos deu trégua, é tempo de uma noite, sem trégua para te amar.
Agora a noite é nossa, fala baixo oh borboleta, findaram os combates nas ruínas.
Entrega ao arvoredo a cor que é do teu corpo, abandona os mistérios de menina.

QUADRILHA - letra

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

ANJO ÉS

Anjo és tu, que esse poder
Jamais o teve mulher,
Jamais o há-de ter em mim.
Anjo és, que me domina
Teu ser o meu ser sem fim;
Minha razão insolente
Ao teu capricho se inclina,
E minha alma forte, ardente,
Que nenhum jugo respeita,
Covardemente sujeita
Anda humilde a teu poder.
Anjo és tu, não és mulher.
Anjo és. Mas que anjo és tu?
Em tua fronte anuviada
Não vejo a c'roa nevada
Das alvas rosas do céu.
Em teu seio ardente e nu
Não vejo ondear o véu
Com que o sôfrego pudor
Vela os mistérios d'amor.
Teus olhos têm negra a cor,
Cor de noite sem estrela;
A chama é vivaz e é bela,
Mas luz não têm.
- Que anjo és tu?
Em nome de quem vieste?
Paz ou guerra me trouxeste De Jeová ou Belzebu?
Não respondes - e em teus braços
Com frenéticos abraços
Me tens apertado, estreito!...
Isto que me cai no peito Que foi?...
- Lágrima? - Escaldou-me...
Queima, abrasa, ulcera...
Dou-me, Dou-me a ti, anjo maldito,
Que este ardor que me devora
É já fogo de precito,
Fogo eterno, que em má hora
Trouxeste de lá...
De donde?
Em que mistérios se esconde
Teu fatal, estranho ser!
Anjo és tu ou és mulher?
Almeida Garrett, 'Folhas Caídas'

terça-feira, 11 de novembro de 2008

S. MARTINHO




Martinho era um soldado romano. Num dia de Inverno, passava Martinho a cavalo por Amiens quando foi interrompido na sua marcha por um pobrezinho, tiritando de frio, que lhe pediu esmola.
Martinho não tinha trocos.

Decidiu--se, então, por dividir a magnífica capa vermelha com que se abrigava da intempérie.

Com a sua espada cortou-a de um golpe, deu metade da capa ao sem--abrigo e logo o Sol despontou com tal intensidade que mais parecia estar-se no Verão.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

ROSA EXCELSIS



Em Pétalas Tuas
Dou oscular gratidão,
Pelo Momento simples
Em que o Éden stá entre nós
Pulsando
Com Spiritual
Sofreguidão!

N::D::N::S::D::

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

JESUS CRISTO


JESUS CRISTO

É MAIS FÁCIL FAZER PASSAR UMA CORDA PELO FUNDO DE UMA AGULHA, DO QUE UM HOMEM RICO ENTRAR NO REINO DOS CÉUS...
QUANDO TUDO ACONTECEU...

Nasce, em Belém. Correm profecias de que ele é o Cristo, o Messias, o futuro rei dos Hebreus. Em consequência, Herodes manda matar todas as crianças daquela cidade. A família de Jesus foge para o Vale do Nilo. - c.2 a.C.: Morre Herodes. A família de Jesus regressa à Galileia. - c.1: Jesus, menino, discute o Reino de Deus com os rabinos da Sinagoga. - 18: Caifás, sumo-sacerdote em Jerusalém. - c.24: No rio Jordão o profeta João baptiza Jesus. Este inicia a sua pregação pela Galileia e Jerusalém. É hostilizado pelas autoridades religiosas. - 25: Pôncio Pilatos procurador romano da Judeia. - c.30: Jesus é traído por Judas Iscariote, seu discípulo. É entregue às autoridades religiosas hebraicas e depois a Pôncio Pilatos. É condenado, flagelado e crucificado. Morre no monte Gólgota. Correm rumores da sua posterior ressurreição

NATAL

Natal...
Na província neva.
Nos lares aconchegados,
Um sentimento conserva
Os sentimentos passados.
Coração oposto ao mundo,
Como a família é verdade!
Meu pensamento é profundo,
'Stou só e sonho saudade.
E como é branca de graça
A paisagem que não sei,
Vista de trás da vidraça
Do lar que nunca terei!

FERNANDO PESSOA, 30 de Dezembro de 1928

COMPAIXÃO PERVERSA !


O prazer de maltratar outrém é distinto da crueldade. Esta consiste em encontrar satisfação na compaixão, e atinge o ponto culminante quando a compaixão chega a extremos, como quando maltratamos os que amamos; todavia, se fosse alguém, que não nós, a magoar os que amamos, então ficávamos furiosos, e a compaixão tornar-se-nos-ia dolorosa; mas somos nós a amá-los e somos nós a magoá-los... A compaixão exerce uma infinita atenção: a contradição de dois instintos fortes e opostos actua em nós como atractivo supremo. (...) A crueldade e o prazer da compaixão: A compaixão aumenta quanto mais conhecemos e mais amamos intensamente quem é objecto dela. Portanto, aquele que trata com crueldade o objecto do seu amor retira da crueldade - que amplia a compaixão - a máxima satisfação. Quando, acima de tudo, nos amamos a nós próprios, o maior prazer que encontramos - por meio da compaixão - pode levar-nos a mostrarmo-nos cruéis para connosco. Heróico da nossa parte é o esforço de completa identificação com aquilo que nos é contrário. A metamorfose do Diabo em Deus representa esse grau de crueldade.
Friedrich Nietzsche, in 'A Vontade de Poder'

terça-feira, 28 de outubro de 2008

FRATERNITATIS !

Saúdo todos os que me lerem,
Tirando-lhes o chapéu largo
Quando me vêem à minha porta
Mal a diligência levanta no cimo do outeiro.
Saúdo-os e desejo-lhes sol,
E chuva, quando a chuva é precisa,
E que as suas casas tenham
Ao pé duma janela aberta
Uma cadeira predileta
Onde se sentem, lendo os meus versos.
E ao lerem os meus versos pensem
Que sou qualquer cousa natural —
Por exemplo, a árvore antiga
À sombra da qual quando crianças
Se sentavam com um baque, cansados de brincar,
E limpavam o suor da testa quente
Com a manga do bibe riscado.

O Guardador de Rebanhos – Alberto Caeiro


segunda-feira, 20 de outubro de 2008

DESASSOSSEGO!


E assim sou, fútil e sensível, capaz de impulsos violentos e absorventes, maus e bons, nobres e vis, mas nunca de um sentimento que subsista, nunca de uma emoção que continue, e entre para a substância da alma. Tudo em mim é a tendência para ser a seguir outra coisa; uma impaciência da alma consigo mesma, como com uma criança inoportuna; um desassossego sempre crescente e sempre igual. Tudo me interessa e nada me prende. Atendo a tudo sonhando sempre; fixo os mínimos gestos faciais de com quem falo, recolho as entoações milimétricas dos seus dizeres expressos; mas ao ouvi-lo, não o escuto, estou pensando noutra coisa, e o que menos colhi da conversa foi a noção do que nela se disse, da minha parte ou da parte de com quem falei. Assim, muitas vezes, repito a alguém o que já lhe repeti, pergunto-lhe de novo aquilo a que ele já me respondeu; mas posso descrever, em quatro palavras fotográficas, o semblante muscular com que ele disse o que me não lembra, ou a inclinação de ouvir com os olhos com que recebeu a narrativa que me não recordava ter-lhe feito. Sou dois, e ambos têm a distância – irmãos siameses que não estão pegados.


Livro do Desassossego – Bernardo Soares – F.PESSOA

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Spírito na Palavra!

« De quanto se escreve, só amo o que alguém escreve com o seu sangue. Escreve com sangue e descobrirás que o sangue é Espírito »

NietzscheAssim Falava Zaratustra

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Canto dos Espíritos sobre as Águas

A alma do homem
É como a água: Do céu vem, Ao céu sobe,
E de novo tem Que descer à terra,
Em mudança eterna.
Corre do alto Rochedo a pino O veio puro,
Então em belo Pó de ondas de névoa
Desce à rocha lisa,
E acolhido de manso
Vai, tudo velando,
Em baixo murmúrio,
Lá para as profundas.
Erguem-se penhascos
De encontro à queda,
— Vai, 'spúmando em raiva,
Degrau em degrau
Para o abismo.
No leito baixo
Desliza ao longo do vale relvado,
E no lago manso
Pascem seu rosto
Os astros todos.
Vento é da vaga O belo amante;
Vento mistura do fundo ao cimo
Ondas 'spumantes.
Alma do Homem,
És bem como a água!
Destino do homem,
És bem como o vento!

Johann Wolfgang von Goethe - "Poemas"

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Hino ao Criador do Universo - Salmo 104


1Bendiz, ó minha alma, o SENHOR!
SENHOR, meu Deus, como Tu és grande!
Estás revestido de esplendor e majestade!
2Estás envolto num manto de luz
e estendeste os céus como um véu.
3Fixaste sobre as águas a tua morada,
fazes das nuvens o teu carro,
caminhas sobre as asas do vento.
4Fazes dos ventos teus mensageiros,
e dos relâmpagos, teus ministros.
5Fundaste a terra sobre bases sólidas,
ela mantém-se inabalável para sempre.
6Tu a cobriste com o manto do abismo
e as águas cobriram as montanhas;
7mas, à tua ameaça, elas fugiram,
ao fragor do teu trovão, estremeceram.
8Ergueram-se as montanhas, cavaram-se os vales
nos lugares que lhes determinaste.
9Puseste limites às águas, para não os ultrapassarem,
e nunca mais voltarem a cobrir a terra.
10Transformas as fontes em rios,
que serpenteiam entre as montanhas.
11Eles dão de beber a todos os animais selvagens,
neles matam a sede os veados dos montes.
12Os pássaros do céu vêm morar nas suas margens;
ali chilreiam entre a folhagem.
13Das tuas altas moradas regas as montanhas;
com a bênção da chuva sacias a terra.
14Fazes germinar a erva para o gado
e as plantas úteis para o homem,
para que da terra possa tirar o seu alimento:
15o vinho, que alegra o coração do homem,
o azeite, que lhe faz brilhar o rosto,
e o pão, que lhe robustece as forças.
16Matam a sua sede as árvores do SENHOR,
os cedros do Líbano que Ele plantou.
17Nelas fazem ninho as aves do céu;
a cegonha constrói a sua casa nos ciprestes.
18Os altos montes são abrigo para as cabras,
e os rochedos, para os animais roedores.
19A Lua cumpre as várias estações
e o Sol conhece o seu ocaso.
20Tu estendes as trevas e faz-se noite,
nela vagueiam todos os animais da selva.
21Rugem os leões em busca da presa,
pedindo a Deus o seu alimento.
22Mas, ao nascer do Sol, logo se retiram,
para se recolherem nos seus covis.
23Então o homem sai para o trabalho
e moureja até anoitecer.
24SENHOR, como são grandes as tuas obras!
Todas elas são fruto da tua sabedoria!
A terra está cheia das tuas criaturas!
25Lá está o mar, grande e vasto,
onde se agitam inúmeros seres,
animais grandes e pequenos.
26Nele passam os navios e ainda o Leviatan,
monstro que Tu criaste, para ali brincar.
27Todos esperam de ti
que lhes dês comida a seu tempo.
28Dás-lhes o alimento, que eles recolhem,
abres a tua mão e saciam-se do que é bom.
29Se deles escondes o rosto, ficam perturbados;
se lhes tiras o alento, morrem
e voltam ao pó donde saíram.
30Se lhes envias o teu espírito, voltam à vida.
E assim renovas a face da terra.
31Glória ao SENHOR por toda a eternidade!
Que o SENHOR se alegre em suas obras!
32Ele olha para a terra e ela estremece,
toca nos montes e eles fumegam.
33Cantarei ao SENHOR, enquanto viver;
louvarei o meu Deus, enquanto existir.
34Que o meu cântico lhe seja agradável,
pois no SENHOR encontro a minha alegria.
35Desapareçam da terra os pecadores!
Os ímpios deixem de existir!
Bendiz, ó minha alma, o SENHOR!
Aleluia!
REI DAVID

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Cântico das Criaturas

Altíssimo, Omnipotente, Bom Senhor Teus são o Louvor, a Glória, a Honra e toda a Bênção.
Louvado sejas, meu Senhor, com todas as Tuas criaturas, especialmente o senhor irmão Sol, que clareia o dia e que, com a sua luz, nos ilumina.
Ele é belo e radiante, com grande esplendor;
de Ti, Altíssimo, é a imagem.
Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã Lua e pelas estrelas, que no céu formaste, claras. preciosas e belas.
Louvado sejas, meu Senhor.
pelo irmão vento, pelo ar e pelas nuvens, pelo sereno e por todo o tempo em que dás sustento às Tuas criaturas.
Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã água, útil e humilde, preciosa e casta.
Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão fogo, com o qual iluminas a noite.
Ele é belo e alegre, vigoroso e forte.
Louvado sejas, meu Senhor, pela nossa irmã, a mãe terra, que nos sustenta e governa, produz frutos diversos, flores e ervas.
Louvado sejas, meu Senhor, pelos que perdoam pelo Teu amor e suportam as enfermidades e tribulações.
Louvado sejas, meu Senhor, pela nossa irmã, a morte corporal, da qual homem algum pode escapar.
Louvai todos e bendizei o meu Senhor!
Dai-Lhe graças e servi-O com grande humildade!

Francisco de Assis

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

HINO


"Criador da semente na mulher,
Tu que produzes o sémen no homem,
Que dás vida ao filho no seio materno,
Que o acalentas para que não chore,
Que o amamentas ainda no seio,
Que dás respiração para fazer viver tudo o que crias!
Quando ele sai das entranhas para começar a respirar, no dia em que nasceu, tu abriste-lhe a sua boca completamente.
Provês as suas necessidades.
Quando o pintainho no ovo pia dentro da sua casca, dás-lhe o sopro lá dentro para ele se manter.
Quando lhe dás força dentro do ovo, para partir a casca, ele sai do ovo e pia quando é chegado o tempo.
Ele caminha pelas suas patas quando sai de lá.
Inumeráveis são os teus actos!
Eles estão escondidas da face do homem.
Ó Deus único, pois não há outro!
Solitário em espírito tu formas a terra.
Os homens, gado, os pequenos animais e animais selvagens.
Tudo o que há sobre a terra e se movimenta sobre pés
O que está no alto e voa com as suas asas."
Hino ao Sol de Akhenaton (excerto)

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Lux ao Spírito da Carla F.!


«Nada se assemelha à alma como a abelha. Esta voa de flor para flor, aquela de estrela para estrela. A abelha traz o mel, como a alma traz a luz»
Victor Hugo

terça-feira, 30 de setembro de 2008

O PERFUME


Tenho um perfume
Em meu pensamento.
Passou por mim como afago
Breve
Um suave momento.

Como foi terno
Aquele momento.
Fugaz no Tempo


A Razão stranhou!
O Spirito o reconheceu...
De um Outro Momento.

A memória tem destas coisas...
O efémero
Torna-se Eterno!


N::D::N::S::D::

terça-feira, 23 de setembro de 2008


«Aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal»
Friedrich Nietzsche

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Flama Veritatis!


"E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure."
Vinícius de Morais

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Nunca Só!





Uma noite tive um sonho...

Sonhei que andava a passear na praia com o Senhor, e, no firmamento, passavam cenas da minha vida.

Após cada cena que passava, percebi que ficavam dois pares de pegadas na areia: umas as minhas e as outras eram do Senhor.

Quando a última cena da minha vida passou diante de nós, olhei para trás, para as pegadas na areia e notei que muitas vezes, no caminho da minha vida, havia apenas um par de pegadas na areia.

Notei também que isso aconteceu nos momentos mais difíceis e angustiosos do meu viver.

Isso aborreceu-me deveras e perguntei então ao meu Senhor:- Senhor: Tu disseste-me que, uma vez que resolvi seguir-Te, Tu andarias sempre comigo, em todos os caminhos.

Contudo, notei que durante as maiores tribulações do meu viver, havia apenas um par de pegadas na areia.

Não compreendo porque é que, nas horas em que eu mais precisava de Ti, Tu me deixaste sozinha.

O Senhor respondeu-me:- Minha querida filha, jamais te deixaria nas horas de prova e de sofrimento.

Quando viste na areia, apenas um par de pegadas, eram as minhas.

Foi exactamente nesses momentos que eu andei contigo ao colo.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

A PALAVRA !

Entrando em Cafarnaúm, aproximou-se dele um centurião, suplicando nestes termos:
«Senhor, o meu servo jaz em casa paralítico, sofrendo horrivelmente.»
Disse-lhe Jesus: «Eu irei curá-lo.»
Respondeu-lhe o centurião:«Senhor, eu não sou digno de que entres debaixo do meu tecto; mas diz uma só palavra e o meu servo será curado.
Porque eu, que não passo de um subordinado, tenho soldados às minhas ordens e digo a um: 'Vai', e ele vai; a outro: 'Vem', e ele vem; e ao meu servo: 'Faz isto', e ele faz.»
Jesus, ao ouvi-lo, admirou-se e disse aos que o seguiam: «Em verdade vos digo: Não encontrei ninguém em Israel com tão grande fé!
Digo-vos que, do Oriente e do Ocidente, muitos virão sentar-se à mesa do banquete com Abraão, Isaac e Jacob, no Reino do Céu, ao passo que os filhos do Reino serão lançados nas trevas exteriores, onde haverá choro e ranger de dentes.»
Disse, então, Jesus ao centurião: «Vai, que tudo se faça conforme a tua fé.»
Naquela mesma hora, o servo ficou curado.

(Lc 7,1-10; Jo 4,46-54)

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

QUASE

Num ímpeto difuso de quebranto,
Tudo encetei e nada possuí...
Hoje, de mim, só resta o desencanto
Das coisas que beijei mas não vivi...
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Um pouco mais de sol - e fora brasa,
Um pouco mais de azul - e fora além.
Para atingir, faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...
Mário de Sá-Carneiro

quinta-feira, 24 de julho de 2008

De Corpo e Alma

« O homem não tem um corpo separado da alma. Aquilo que chamamos de corpo é a parte da alma que se distingue pelos seus cinco sentidos. »

William Blake

quarta-feira, 23 de julho de 2008

N::D::N::S::D::


Serenidade

Pax!
Silêncio!
Necessidade de um Momento
De comigo star!

Transformar o pensamento
( puro sangue indomável que o Tempo e Espaço desconhece )
em sossego...
por um instante!

Toma conta de mim
O Outro Eu profundo
Revelando o Tédio do Mundo
Onde imperam os deuses
De perfil definido!

Toma Conta de mim
Spirito
anima mea!
(Que me não pertences)
Leva-me ao Reino do Amor
Ao Indefinido!

N::D::N::S::D::

VeRaGrama


Vidência!

« Pity » - William Blake

sexta-feira, 18 de julho de 2008

SIMPLICIDADE !


“Ver o Universo no grão de areia
e o Paraíso em uma flor;
segurar o Infinito na palma de sua mão e notar a Eternidade em uma hora.”
WILLIAM BLAKE

quinta-feira, 17 de julho de 2008

terça-feira, 15 de julho de 2008

N::D::N::S::D::

SOSSEGO


Stou não stando!
Corpo em Sossego
desassossegado de meu Spirito
Que livre Te quer reencontrar
Quer Voar
Voar!

Convulsão interna,
Atroz
Que o opaco corpo reprime
Tolhe
Aprisiona!

Sei ( Spirito ) de um Ser Maior
Que numa Flor pode Star
Mas meu corpo,
(mortalha viva, enquanto vive)
Nega
Inoculando Dor.

Mas quem Tu És
(Sempre Serás)
Com o Spirito
Sei
Vencerás
E
Sei
Em Teu Amor
( Meu regaço)
Sossego meu
Como Flor Tua
No Todo
Me Cuidarás!

N::D::N::S::D::

Oração do Guerreiro !


Não a nós, Senhor,
não a nós,
mas ao Teu Nome dá glória!
SALMO 115

quarta-feira, 9 de julho de 2008

SPIRITO


A alma do Homem é como a água;
Dos Céus provém
Para os Céus ascende
E depois retorna à Terra,
Para sempre alternando.

GOETHE

quarta-feira, 2 de julho de 2008

GUERREIRO DA LUX

Para o guerreiro, não existe amor impossível. Ele não se deixa intimidar
pelo silencio, pela indiferença, ou pela rejeição. Sabe que - atrás da máscara de gelo que as pessoas usam - existe um coração de fogo.
Por isso o guerreiro arrisca mais que os outros. Busca incessantemente o amor de alguém - mesmo que isto signifique escutar muitas vezes a palavra "não", voltar para casa derrotado, sentir-se rejeitado em corpo e alma. Um guerreiro não se deixa assustar quando busca o que precisa. Sem amor, ele não é nada.
Paulo Coelho - «Manual do Guerreiro da Luz»

segunda-feira, 30 de junho de 2008

O PECADO


« Cometi o pior dos pecados que um homem pode cometer. Não fui feliz! »
Jorge Luis Borges

segunda-feira, 23 de junho de 2008

JOÃO BAPTISTA - O GNÓSTICO


:: LUX MUNDI ::
UT QUEANT LAXIS :
RESONARE FIBRIS :
MIRA GESTORUM :
SANCTI IOANNIS ::

sexta-feira, 20 de junho de 2008

FELICIDADE

« A porta da felicidade abre só para o exterior; quem a força em sentido contrário acaba por fechá-la ainda mais.»
KIERKEGAARD

sexta-feira, 13 de junho de 2008

PESSOA vence a Morte!

Fernando Pessoa ( Fernando António Nogueira Pessoa ), nasceu, em Lisboa, a 13 de Junho de 1888, às quinze horas e vinte minutos, com o Sol em Gémeos.
O nome António deve-se ao facto de ter nascido no mesmo dia e mês do Santo mais popular da capital.


« Se, depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples.
Tem só duas datas a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra coisa todos os dias são meus. »


Fernando Pessoa

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Segue o teu destino, Rega as tuas plantas, Ama as tuas rosas. O resto é a sombra De árvores alheias. A realidade Sempre é mais ou menos Do que nós queremos. Só nós somos sempre Iguais a nós próprios. Suave é viver só. Grande e nobre é sempre Viver simplesmente. Deixa a dor nas aras Como ex-voto aos deuses. Vê de longe a vida. Nunca a interrogues. Ela nada pode Dizer-te. A resposta Está além dos deuses. Mas serenamente Imita o Olimpo No teu coração. Os deuses são deuses Porque não se pensam.
Ricardo Reis

sexta-feira, 6 de junho de 2008

GIOVANNI PAPINI

Venda da Alma e Venda do Corpo

Não só as mulheres que casam sem amor, mas apenas por conveniência; não só as esposas que continuam a comer o pão daquele que já não amam e enganam; não só as mulheres se prostituem. É prostituto o escritor que coloca a pena ao serviço das ideias em que não crê; o advogado que defende causas que reconhece injustas; quem finge a adesão aos mitos e interesses dos poderosos para obter recompensas materiais e morais; o actor e o bobo que se expõem diante dos idiotas pagantes para arrecadar aplausos e dinheiro; o poeta que abre aos estranhos os segredos da sua alma, amores e melancolias, para obter em compensação um pouco de fama, de dinheiro ou de compaixão; e, acima de tudo, é prostituto o político, o demagogo, o tribuno que todos devem acariciar, seduzir, a todos promete favores e felicidade e a todos se entrega por amor à popularidade - justamente chamado homem público, quase irmão de toda a mulher pública.Mas quem de entre nós, pelo menos um dia da sua vida, não simulou um sentimento que não tinha e um entusiasmo que não sentia e repetiu uma opinião falsa para obter compensações, cumplicidades, sorrisos ou benefícios? Quem dá uma parte de si por vantagens pessoais prostitui-se como a mulher que atribui um preço à sua docilidade. Mas a prostituição da alma praticada pelos homens é mais ignominiosa do que a do corpo, e mais irremissível.
Giovanni Papini, in 'Relatório Sobre os Homens'

terça-feira, 3 de junho de 2008

PENSAR


Pense por si Próprio

Do que você precisa, acima de tudo, é de se não lembrar do que eu lhe disse; nunca pense por mim, pense sempre por você; fique certo de que mais valem todos os erros se forem cometidos segundo o que pensou e decidiu do que todos os acertos, se eles foram meus, não são seus. Se o criador o tivesse querido juntar muito a mim não teríamos talvez dois corpos distintos ou duas cabeças também distintas. Os meus conselhos devem servir para que você se lhes oponha. É possível que depois da oposição, venha a pensar o mesmo que eu; mas, nessa altura. já o pensamento lhe pertence. São meus discípulos, se alguns tenho, os que estão contra mim; porque esses guardaram no fundo da alma a força que verdadeiramente me anima e que mais desejaria transmitir-lhes: a de se não conformarem.
Agostinho da Silva, in 'Cartas a um Jovem Filósofo'

quarta-feira, 28 de maio de 2008

VIDA


Mi Vida Entera
.
Aqui otra vez, los labios memorables, unico y
semejante a vosotros.
Soy esa torpe intensidad que es un alma.
He persistido en la aproximacion de la dicha y
en la privanza del pesar.
He atravesado el mar.
He conocido muchas tierras; he visto una mujer
y dos o tres hombres.
He querido a una nina altiva y blanca y de una
hispanica quietud.
He visto un arrabal infinito donde se cumple una
insaciada inmortalidad de ponientes.
He paladeado numerosas palabras.
Creo profundamente que eso es todo y que ni veré
ni ejecutaré cosas nuevas.
Creo que mis jornadas y mis noches se igualan en
pobreza y en riqueza a las de Dios y a las
de todos los hombres.


JORGE LUIS BORGES

sexta-feira, 23 de maio de 2008

ROSEAE CRUCIS


E quando vos perguntarem
Onde fica o Templo em que
Floresce a Cruz
Direis; nós somos esse Templo
E sobre nós a Rosa Vive
E alimenta a Cruz que é o Mundo.

JOANUS + FRATER

quarta-feira, 21 de maio de 2008

AGOSTINHO DA SILVA

O Pensador

Não há nenhuma vida verdadeiramente intelectual em que a polémica não seja um acidente, um desnível entre o engenho e a cultura adquirida, por um lado, e, por outro, o meio ambiente; o pensador não é, por estrutura, polemista, embora não fuja ante a polémica, nem a considere inferior; o seu domínio é no campo da paz, não entre os instrumentos de guerra; quando a batalha se oferece sabe, como o filósofo antigo, marchar com a calma e a severa repressão dos instintos que o mundo inteiro, ante a sua profissão, tem o direito de exigir; o seu dever de cidadão impõe-lhe que tome, ao ecoar da voz bárbara, a lança que defende as oliveiras sagradas e os rítmicos templos. A sua linha, porém, o fio de cumeadas por que se alongam os seus passos melhores comportam apenas uma invenção superadora, um perpétuo oferecer aos seus amigos humanos de toda a descoberta possibilidade de um caminho mais belo e mais nobre. Vê-se como um guia e um observador de horizontes que se estendam para além dos limites do mar e dos limites do céu; a sua missão é a de pôr ao alcance de todos os que novamente contemplaram os seus olhos e de os ajudar a percorrer a estrada que abriu ou desvendou; com toda a humildade, todo o carinho que provêm de ter medido a imensa distância que ainda o separa de Deus e de ter aprofundado a tristeza e a treva em que se debatem e se amesquinham seus irmãos; inteligência e caridade não andam longe uma da outra quando são ambas verdadeiras.
Agostinho da Silva, in 'Textos e Ensaios Filosóficos'

sexta-feira, 16 de maio de 2008

IMPÉRIO QUINTO



O Grande Mito Nacional

Há uma espécie de propaganda com que se pode levantar o moral de uma nação - a construção ou renovação e a difusão consequente e multímoda de um grande mito nacional. De instinto, a humanidade odeia a verdade, porque sabe, com o mesmo instinto, que não há verdade, ou que a verdade é inatingível. O mundo conduz-se por mentiras; quem quiser despertá-lo ou conduzi-lo terá que mentir-lhe delirantemente, e fá-lo-á com tanto mais êxito quanto mais mentir a si mesmo e se compenetrar da verdade da mentira que criou. Temos, felizmente, o mito sebastianista, com raízes profundas no passado e na alma portuguesa. Nosso trabalho é pois mais fácil; não temos que criar um mito, senão que renová-lo. Comecemos por nos embebedar desse sonho, por o integrar em nós, por o incarnar. Feito isso, por cada um de nós independentemente e a sós consigo, o sonho se derramará sem esforço em tudo que dissermos ou escrevermos, e a atmosfera estará criada, em que todos os outros, como nós, o respirem. Então se dará na alma da nação o fenómeno imprevisível de onde nascerão as Novas Descobertas, a Criação do Mundo Novo, o Quinto Império. Terá regressado El-Rei D. Sebastião.
Fernando Pessoa, in 'Resposta do Inquérito «Portugal, Vasto Império»'

terça-feira, 13 de maio de 2008

SALVE REGINA

Salve, Regina, Mater misericordiæ, vita, dulcedo et spes nostra salve!
Ad te clamamus, exsules filii Evæ.
Ad te suspiramus gementes et flentesin hac lacrimarum valle.
Eia ergo, advocata nostra, illos tuos misericordes oculos ad nos converte.
Et Jesum, benedictum fructum ventris tui,nobis post hoc exsilium, ostende.
O clemens, o pia, o dulcisVirgo Maria!
Ora pro nobis, sancta Dei Genitrix, ut digni efficiamur promissionibus Christi.
Amen.