sexta-feira, 4 de junho de 2010

Viajante ∆mortalhadΩ




Alguma coisa, alguém, um espectro qualquer perseguia-nos a todos através do deserto da vida e ia apoderando-se de nós, impreterivelmente, antes de alcançarmos o paraíso. Naturalmente, agora, que volto a pensar nessa questão, trata-se da morte: a morte há-de surpreender-nos antes do paraíso. A única coisa que ansiamos durante a nossa existência, que nos faz suspirar e gemer e sofrer toda a espécie de náuseas melífluas, é a reminiscência de uma qualquer felicidade perdida que provavelmente experimentámos no ventre materno e que só pode ser reproduzida (embora detestemos reconhecer isso) na morte. Mas quem é que quer morrer?
k e r o u a c