terça-feira, 27 de novembro de 2012

chorão









há quem diga que és triste
és mal amado
mal compreendido
julgam-te murcho
sem vida
acredito que és murcho
pelo peso dos bons momentos
que a tua sombra proporciona

não dás flor
não dás fruta
não faz mal
de ti
colhem-se aquelas memórias
de boas tardes passadas
a brincar
ou a arrulhar
com aquela menina

à tua sombra
imaginaram-se universos
criaram-se personagens
inventaram-se aviões
que te sobrevoaram
e depois partiram
para outros mundos
sem sair
da tua sombra primeva

começas a secar
formigas e outros invadiram-te
consomem-te do interior
se um dia secares por completo
até nada em ti estar verde
vou olhar-te com olhos de criança
e dizer
"é uma pena"
de mãos nos bolsos
irei embora
cheio do que de ti colhi



bruno m. b. rodrigues



sexta-feira, 19 de outubro de 2012

ao maremaremansos












remar

mansos

remansos

tantos

desencantos

tempo

lamento

quebrar

vamos remar

somos tantos

chegou o tempo

de despir lamentos

vamos . . .

todos mas todos

vamos!

Libertar

largar amarras

quebrar

determinados remar

lutar

morrer valendo a pena, a morte que é semente no ventre d [a]MAR






N::D::N::S::D::







sexta-feira, 12 de outubro de 2012

GΘÐ









God is a concept

By which we measure

Our pain

I'll say it again

God is a concept

By which we measure

Our pain



I don't believe in magic

I don't believe in I-Ching

I don't believe in Bible

I don't believe in tarot

I don't believe in Hitler

I don't believe in Jesus

I don't believe in Kennedy

I don't believe in Buddha

I don't believe in mantra

I don't believe in Gita

I don't believe in yoga

I don't believe in kings

I don't believe in Elvis

I don't believe in Zimmerman

I don't believe in Beatles

I just believe in me

Yoko and me

And that's reality



The dream is over

What can I say?

The dream is over

Yesterday

I was the dream weaver

But now I'm reborn

I was the Walrus

But now I'm John

And so dear friends

You just have to carry on

The dream is over



jOHn lEnNoN

     

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

ŪntitleЄd









 

Ao teu ouvido . . .

Meu murmúrio . . .

“ a m o – t e ”. . .

Sussurro

amo-te “. . .

Suave. . .

No coração

De meu amor . . .

Que o sabe !



Nd
nSd
     

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Θ Guardador de Palavras










Sou refúgio

de palavras

em mim



Abrigo seu

da perseguição

da culta ortografia

autoridade de uma [da]nação qualquer



Eu

por imperativo

de um natural

Anarquismo dos Sentidos

as aceitei



Sou eu

que oculto

estas palavras

estas marginais

Palavras

As incultas

sim

as oculto



porque, egoísta, penso

que se lhes der som entoação vibração

se tornarão cultas



Penso

que as palavras

Incultas

Só existem

Quando

Estão

Guardadas

Profundamente

Em

mim







nD

Ns

D




domingo, 22 de julho de 2012

senhor nevoeiro






perdido


e por todos abandonado


calcorreia as serras

ao descer ao sopé de mais uma

vira-se para a contemplar


uma última vez


e vê


como uma mão que envolve


o alto em forma de concha






o senhor nevoeiro






descendo a serra


no seu encalço


até ao seu encontro






o errante


de hambres farto


tira-lhe o partido


e


cortando um naco


sacia sua fome


com um bife de nevoeiro


mais cru que a própria solidão

 
 
bruno m. b. rodrigues


sábado, 21 de julho de 2012

iN mEmOrIaM








Tu ne quaesieris—scire nefas—quem mihi, quem tibi

finem di dederint, Leuconoë, nec Babylonios

temptaris numeros. ut melius, quicquid erit, pati!

seu plures hiemes, seu tribuit Iuppiter ultimam,

quae nunc oppositis debilitat pumicibus mare

Tyrhenum. Sapias, vina liques, et spatio brevi

spem longam reseces. dum loquimur, fugerit invida

aetas: carpe diem, quam minimum credula postero.



Quintus Horatius Flaccus
 
 
 
 

terça-feira, 17 de julho de 2012

ЅΔLΠΘ 144










Salmo de David





Bendito seja o Senhor, minha rocha, que adestra as minhas mãos para a peleja e os meus dedos para a guerra;


meu refúgio e minha fortaleza, meu alto retiro e meu libertador, escudo meu, em quem me refugio.
 
 
 
 
 

sábado, 14 de julho de 2012

ΣRΘS Є ΡSΐQUЄ










Conta a lenda que dormia

Uma Princesa encantada

A quem só despertaria

Um Infante, que viria

De além do muro da estrada.



Ele tinha que, tentado,

Vencer o mal e o bem,

Antes que, já libertado,

Deixasse o caminho errado

Por o que à Princesa vem.



A Princesa Adormecida,

Se espera, dormindo espera,

Sonha em morte a sua vida,

E orna-lhe a fronte esquecida,

Verde, uma grinalda de hera.



Longe o Infante, esforçado,

Sem saber que intuito tem,

Rompe o caminho fadado,

Ele dela é ignorado,

Ela para ele é ninguém.



Mas cada um cumpre o Destino

Ela dormindo encantada,

Ele buscando-a sem tino

Pelo processo divino

Que faz existir a estrada.



E, se bem que seja obscuro

Tudo pela estrada fora,

E falso, ele vem seguro,

E vencendo estrada e muro,

Chega onde em sono ela mora,



E, inda tonto do que houvera,

À cabeça, em maresia,

Ergue a mão, e encontra hera,

E vê que ele mesmo era

A Princesa que dormia.





F P


 

terça-feira, 24 de abril de 2012

o poema



posso começar?

chama-se o poema


o poema

e é sobre

um poema

que foi pensado

há muito

muito tempo atrás


antes até

do próprio tempo


antes até de este


ter sido pensado


é um poema antigo


mais antigo


do que o próprio tempo


e o tempo


é bem antigo


mais antigo do que


as coisas todas


todas as coisas do mundo


sim este poema


fala do tempo


porque o tempo


pode ser um poema


o poema


mais antigo do que


todas as coisas do mundo
 
 
 
bruno m. b. rodrigues
 
 






Datas há que repulsa me provocam

pelo inócuo que euforicamente

se pretende

evocar !



θ Ν Τ θ ζ
 
 
 
 

quarta-feira, 18 de abril de 2012




ЅcripТuМ [scriptum]

Εst

 


Algo

Vago

em vagas sucessivas

de pensamentos

feitos de letra

Em palavra vertidos

Em frases concebidos



elos de corrente

Frágeis

Que se quebram

Partem

Que se desfazem

E partem



Volto

E

Volto a reconstruir

uma e

outra vez

MAIS UMA VEZ

como [Aqui]

estas aqui.



. . . [ Alquimia ] . . .



até um dia

Ao DIA

em que

Por Código Consumado

[Perfeição Pura]

fiquem interligados

Unos

contra a erosão

Do

TEMPO





D.

N. s.

n. D.