sábado, 14 de dezembro de 2013

um não mudo





há silêncios em mim

que calar não posso

falam de tudo

em absurdo

absoluto

de tudo, tudo

- - - -

atormentam-me

em seu murmúrio

em vir suave

sem idioma definido

idioma de tudo

- - - -

não compõem

não prosam

são medonhos

doem-me

e eu em

silêncio

com tantos dentro de mim

calo-me

- - - -

para não os ouvir

me entupo de

tudo

do que é bom

e do que é mau

de tudo

- - - -

mas sei que estão lá

na penumbra funda

aguardando

Omnipresentes

presentes

imóveis

todos eles

silêncios

aguardando

para me gritar

para me lembrar

- - - -

que silêncios estes?

são só meus?

o são de todos?

que silêncios estes?

o são do mundo?

...

são silêncios

pronto, pronto!!

...

agora

presentes estão

entre

silvo~vento

bramir~espuma

“mar” ! “mar”

“amar” ! “mar” ! “amar”

... silêncio ...

» MUDO «





hugo - chavy - is




terça-feira, 10 de dezembro de 2013

ὄργανον










Wali /// RituaL




segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Ḭnvictu₴






Out of the night that covers me,
Black as the Pit from pole to pole,
I thank whatever gods may be
For my unconquerable soul.

In the fell clutch of circumstance
I have not winced nor cried aloud.
Under the bludgeonings of chance
My head is bloody, but unbowed.

Beyond this place of wrath and tears
Looms but the Horror of the shade,
And yet the menace of the years
Finds, and shall find, me unafraid.

It matters not how strait the gate,
How charged with punishments the scroll.
I am the master of my fate:
I am the captain of my soul.



William Ernest Henley




sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

! ULT¡MΛTΦ !








Richie Campbell  >Λ< Ricardo Ventura da Costa




domingo, 10 de novembro de 2013

Juntos olhávamos o pôr-do-sol







Recordava tristemente

O tempo, em que juntos

Olhávamos o pôr-do-sol

Eles eram pai e filho

Corpo e sangue

Era húmido

Acabado de pintar

Pela nossa imaginação





Ser ardente e feroz

Queimava as sagas

Da nossa língua

Levava-lhe todos os sonhos

Distantes e perdidos





Eras seu guia

Levavas-nos embriagados

Pela carnificina húmida do sol

Sua carnificina era doce e distante

Via-se ao longe, quão bela era a luta

Distante…



Hoje vejo uma mancha gigante

Uma LUX, negra e fria

Aberta no céu

Ela abre a sua carne

Toca-me com seus

Dedos cegos e doentios

Dedos que abrem melancolicamente

A tua sepultura, abraçam-na

Como um avô cego, que é o sol



Hoje descansas corpo solitário

A tua língua nunca mais irá verter

Qualquer palavra…



Olhava-mos juntos o pôr-do-sol

Tu com teus olhos livres tocas o infinito

Eles estremeciam com o latim

Das tuas palavras …



O teu latim que

Andou por mares distantes,

Que combateu o demónio

Em busca do Santo Graal!



Esse Santo cobria o céu

Deixas-te o folclore dos pássaros

Se despedirem de ti,

Eu que ingenuamente

Morrerei a ouvir o seu canto

Morrerei como a tua língua

Mas ela flutuará pelo espaço

O que foi, e o que é…



Juntos olhávamos o pôr-do-sol

O pôr-do-sol

Numa das suas inúmeras mortes;

Sorria!


PoReScRiTo
(in monteperplexo.blogspot.pt) (audax spiritum)


quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Cantico delle Creature



Altissimu, onnipotente bon Signore,

Tue so' le laude, la gloria e l'honore et onne benedictione.

Ad Te solo, Altissimo, se konfano,

et nullu homo ène dignu te mentovare.

Laudato sie, mi' Signore cum tucte le Tue creature,

spetialmente messor lo frate Sole,

lo qual è iorno, et allumeni noi per lui.

Et ellu è bellu e radiante cum grande splendore:

de Te, Altissimo, porta significatione.

Laudato si', mi Signore, per sora Luna e le stelle:

in celu l'ài formate clarite et pretiose et belle.

Laudato si', mi' Signore, per frate Vento

et per aere et nubilo et sereno et onne tempo,

per lo quale, a le Tue creature dài sustentamento.

Laudato si', mi' Signore, per sor Aqua,

la quale è multo utile et humile et pretiosa et casta.

Laudato si', mi Signore, per frate Focu,

per lo quale ennallumini la nocte:

ed ello è bello et iocundo et robustoso et forte.

Laudato si', mi' Signore, per sora nostra matre Terra,

la quale ne sustenta et governa,

et produce diversi fructi con coloriti flori et herba.

Laudato si', mi Signore, per quelli che perdonano per lo Tuo amore

et sostengono infirmitate et tribulatione.

Beati quelli ke 'l sosterranno in pace,

ka da Te, Altissimo, sirano incoronati.

Laudato si' mi Signore, per sora nostra Morte corporale,

da la quale nullu homo vivente po' skappare:

guai a quelli ke morrano ne le peccata mortali;

beati quelli ke trovarà ne le Tue sanctissime voluntati,

ka la morte secunda no 'l farrà male.

Laudate et benedicete mi Signore et rengratiate

e serviateli cum grande humilitate…



sexta-feira, 19 de julho de 2013

noitE felpudA








o vento parecendo frio
conforta o ser
nesta noite de verão

que nos calca os corações
embebidos pela solidão
no seu ninho obscuro

enquanto pássaros felpudos
dançam no restolho
olho corpos celestes
e penso

a estes inocentes bichos
é-lhes vedado
o dom do descabimento
que se sente
no seu olhar intrépido

como os corpos celestes
animais inertes cintilam
no breu restolhado

deitados a olhar os astros
que param de cintilar
para se deliciarem
com aqueles rostos divinos
que se erguem
e lhes roçam a pele
branca e poeirenta
que se assemelha
à dos seus irmãos



o imberbere & Porescrito




sexta-feira, 24 de maio de 2013

ATRAƷ DO MURΘ








Felizmente não vemos senão detalhes. Se alguem podesse encarar uma alma até ás maiores profundidades, e vêr ao mesmo tempo de que ternura, de que ancia, de que desespero e de que tempestades essa alma é capaz, nunca mais podia desviar os olhos d'esse espectaculo. Fosse ella a minha alma ou a tua alma. Era o mundo todo, era o universo. Era Deus.



Raul Brandão




quarta-feira, 22 de maio de 2013

ʘ Ƨʘnhʘ











Chove. Cada vez vejo mais turvo, cada vez tenho mais medo. Estamos enterrados em convenções até ao pescoço: usamos as mesmas palavras, fazemos os mesmos gestos. A poeira entranhada sufoca-nos. Pega-se. Adhere. Há dias em que não distingo estes sêres da minha propria alma; há dias em que atravez das mascaras vejo outras phisionomias, e, sob a impassibilidade, dôr; há dias em que o céo e o inferno esperam e desesperam. Presinto uma vida oculta, a questão é fazel-a vir á supuração.




Raul Brandão





quinta-feira, 9 de maio de 2013

quarta-feira, 8 de maio de 2013

In memoriaM









Ao meu morto querido


Na cidade de Assis, Il Poverello
Santo, três vezes santo, andou pregando
Que o sol, a terra, a flor, o rocio brando,
Da pobreza o tristíssimo flagelo,

Tudo quanto há de vil, quanto há de belo,
Tudo era nosso irmão! - E assim sonhando,
Pelas estradas da Umbria foi forjando
Da cadeia do amor o maior elo!

“Olha o nosso irmão Sol, nossa irmã Água…”
Ah! Poverello! Em mim, essa lição
Perdeu-se como vela em mar de mágoa

Batida por furiosos vendavais!
- Eu fui na vida a irmã de um só irmão,
E já não sou a irmã de ninguém mais!



florbela de alma



sábado, 27 de abril de 2013

momentum










entornada no solo,
dormente,
são vitais
os únicos sinais
que se te distinguem,
és uma massa indefinida
e viva, respiras e pulsas
sim, não és pedra
mas estás fria



bruno m rodrigues

a árvore




segunda-feira, 1 de abril de 2013

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

circunferenciar.se






apetece fazer aquilo que não sei que “aquilo” me apetece fazer          
θΝΤθζ
 
 
 

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

[ es ] fumar.Te





 


Inalar

[a] Vida

Como um Cigarro

Sofrega [mente]

o aceso prazer. . .



Efémero

Instante

[momento não chega a ser]

esfuma-se

no seu fumo

[baço]



Vida !

de perfil altivo

oblíqua

de querer latente

ser

eterna

latentemente . . .

mentirosa [mente]...

Vá ! Mente !



Enganadora

fumo.feitiço.veneno

sentindo [te]

[o] desprezo

=presente=

parasitar

o [teu] prazer

Inalar.te

=instante=

Exalar.te

=instante=

para fora

ex.de.mim

Fora!

Sai de mim.



[até à dor-doloroso instante de te ter, cigarro, pela frente]



ΔKHEnatƱm
 
 

sábado, 5 de janeiro de 2013

cá no alto tudo normal










no alto das árvores
cá no alto
por entre folhas e ramos
os pássaros
o vento
o sol
tudo continua,
normal

lá em baixo
na terra húmida
a guerra
nevoeiro de lâminas
os decepados
os decapitados
por entre o talho
uma criança chora
um menino soldado
ferido de lágrimas
lavado em sangue
tudo continua,
normal




bruno m. b. rodrigues